Por Shirley Marciano
A
GM de São José dos Campos deve fechar um de seus setores de
produção, o MVA. De acordo com a empresa, isso deve ocorrer em
decorrência da saída de linha dos veículos Meriva, Zafira, Corsa e
Classic.
As
demissões já começaram, com a abertura de dois Programas de
Demissão Voluntária - PDV no mês junho. Até o momento somam-se
356 demissões, podendo chegar a 1.500.
Desde 18 de junho, o setor
Montagem de Veículos Automotores - MVA vem funcionando sem o 2º
turno.
Para
impedir as demissões, o Sindicato dos Metalúrgicos propõe a
transferência do setor de produção do modelo Classic, hoje
fabricado em São Caetano do Sul e Rosário (Argentina), para São
José dos Campos, ou trazer a produção de veículos feitos fora do
país, como o Sonic.
Apesar
das tentativas, a GM não tem demonstrado interesse em atender a
esses pedidos.
O Sindicato dos Metalúrgicos vem organizando
manifestações para que seja mantido o emprego desses trabalhadores
e também para que tenha mais investimentos na montadora de São
José.
As discussões sobre a ameaça de demissão em massa na GM
estão sendo levadas para a secretaria-geral da Presidência da
República, em Brasília.
Em
reunião realizada no dia 12 de julho, entre a montadora, o Sindicato
dos Metalúrgicos de São José dos Campos e a Secretaria Nacional de
Relações do Trabalho, a GM evitou se comprometer com a pauta de
reivindicações dos trabalhadores.
“Não
vamos permitir que a GM continue com seu projeto para demitir 1.500
trabalhadores. O setor automotivo não tem motivos para reclamar. As
vendas estão em alta, o setor seria o maior beneficiado pelo pacote
de incentivos do governo federal e, mesmo assim, a política de
demissões continua”, afirma o presidente do Sindicato, Antonio
Ferreira de Barros, o Macapá.
O sindicato afirma ainda que desde
o início da crise internacional, o governo federal tem dado
incentivos fiscais que chegam a R$ 26 bilhões só para este setor.
Portanto, seria natural que houvesse uma contrapartida.
“A
empresa não pode receber milhões em benefícios fiscais e, ainda
assim, demitir. O governo federal tem a obrigação de tomar uma
medida imediata para impedir que a GM concretize as demissões. Os
metalúrgicos estão se mobilizando e vão intensificar ainda mais
essa luta para pressionar governo e montadora”, afirma o
sindicalista Luis Carlos Prates.
Luiz
Moan, diretor de assuntos institucionais da GM, afirmou ao Jornal O
Estadão que o aumento da produção em outras regiões se deve às
derrotas de negociações com o sindicato de São José dos Campos.
Algumas
reflexões
Dirigentes sindicais afirmam tratar-se
de uma chantagem. De acordo com o sindicato, nenhum empregador quer
ter um sindicato forte e aguerrido, pois isso pode ir de encontro ao
seu interesse primordial: o lucro.
Uma
empresa sempre quer ganhar mais e mais dinheiro, mas não pode fazer
isso em detrimento da vida dos trabalhadores, causado assim, risco
social a um grande número de pessoas e, consequentemente, impacto a
uma cidade.
É fundamental que todos entendam que a General Motors
pretende jogar a sociedade contra o sindicato, ou seja, culpá-lo por
ser muito duro ou radical. Sobretudo, o que a GM quer é pagar um
salário ruim aos trabalhadores, sem que o sindicato intervenha. Caso
contrário, ameaçam ir para uma outra cidade, onde exista um
sindicato bem “bonzinho”.
Nos
EUA, por exemplo, a GM possui uma média de salário muito mais alta
que nas GMs no Brasil. Isso ocorre porque, de um modo geral, as
pessoas têm uma remuneração maior do que a dos brasileiros. Ou
seja, procuram o país por saber que existe mão de obra barata.
A
prefeitura e o governo federal podem e devem intervir nesse processo.
Não podem deixar essa empresa colocar em xeque a vida de 1500
famílias porque em outra cidade esta empresa poderá lucrar mais.
É
bom lembrar que quando é para ganhar mais dinheiro, a empresa se
vale de sua autogestão, porém para ganhar incentivo fiscal do
governo, o liberalismo é deixado de lado.
Volkswagen
de Taubaté também implanta PDV
A
Volkswagen implantou PDV em sua unidade de Taubaté. No entanto, o
objetivo seria preparar os trabalhadores para aposentadoria, conforme
afirmação do Sindicato dos Metalúrgicos, diferentemente do que
ocorre na GM de São José.
O
programa faz parte do pacote de investimentos anunciado no início do
ano para dobrar a produção da fábrica e estaria previsto para os
próximos anos.
Nos PDV´s implantados em 2012, os trabalhadores
recebem 0,7 salário por ano trabalhado. De 2013 a 2016, o benefício
será de 0,4 salário por ano trabalhado.
A
entidade ressaltou que a produção na fábrica está próxima de 75%
de sua capacidade máxima. Os sábados de expediente, antes extintos
por excesso de estoque, já foram retomados.
(Para
SindCT,16)
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