quarta-feira, 1 de agosto de 2012

GM quer demitir para ter mais lucro e ainda colocar a culpa no sindicato


Por Shirley Marciano

A GM de São José dos Campos deve fechar um de seus setores de produção, o MVA. De acordo com a empresa, isso deve ocorrer em decorrência da saída de linha dos veículos Meriva, Zafira, Corsa e Classic.

As demissões já começaram, com a abertura de dois Programas de Demissão Voluntária - PDV no mês junho. Até o momento somam-se 356 demissões, podendo chegar a 1.500.

Desde 18 de junho, o setor Montagem de Veículos Automotores - MVA vem funcionando sem o 2º turno.

Para impedir as demissões, o Sindicato dos Metalúrgicos propõe a transferência do setor de produção do modelo Classic, hoje fabricado em São Caetano do Sul e Rosário (Argentina), para São José dos Campos, ou trazer a produção de veículos feitos fora do país, como o Sonic.

Apesar das tentativas, a GM não tem demonstrado interesse em atender a esses pedidos.

O Sindicato dos Metalúrgicos vem organizando manifestações para que seja mantido o emprego desses trabalhadores e também para que tenha mais investimentos na montadora de São José.

As discussões sobre a ameaça de demissão em massa na GM estão sendo levadas para a secretaria-geral da Presidência da República, em Brasília.
Em reunião realizada no dia 12 de julho, entre a montadora, o Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e a Secretaria Nacional de Relações do Trabalho, a GM evitou se comprometer com a pauta de reivindicações dos trabalhadores.

Não vamos permitir que a GM continue com seu projeto para demitir 1.500 trabalhadores. O setor automotivo não tem motivos para reclamar. As vendas estão em alta, o setor seria o maior beneficiado pelo pacote de incentivos do governo federal e, mesmo assim, a política de demissões continua”, afirma o presidente do Sindicato, Antonio Ferreira de Barros, o Macapá.


O sindicato afirma ainda que desde o início da crise internacional, o governo federal tem dado incentivos fiscais que chegam a R$ 26 bilhões só para este setor. Portanto, seria natural que houvesse uma contrapartida.

A empresa não pode receber milhões em benefícios fiscais e, ainda assim, demitir. O governo federal tem a obrigação de tomar uma medida imediata para impedir que a GM concretize as demissões. Os metalúrgicos estão se mobilizando e vão intensificar ainda mais essa luta para pressionar governo e montadora”, afirma o sindicalista Luis Carlos Prates.
Luiz Moan, diretor de assuntos institucionais da GM, afirmou ao Jornal O Estadão que o aumento da produção em outras regiões se deve às derrotas de negociações com o sindicato de São José dos Campos.

Algumas reflexões 

Dirigentes sindicais afirmam tratar-se de uma chantagem. De acordo com o sindicato, nenhum empregador quer ter um sindicato forte e aguerrido, pois isso pode ir de encontro ao seu interesse primordial: o lucro.

Uma empresa sempre quer ganhar mais e mais dinheiro, mas não pode fazer isso em detrimento da vida dos trabalhadores, causado assim, risco social a um grande número de pessoas e, consequentemente, impacto a uma cidade.


É fundamental que todos entendam que a General Motors pretende jogar a sociedade contra o sindicato, ou seja, culpá-lo por ser muito duro ou radical. Sobretudo, o que a GM quer é pagar um salário ruim aos trabalhadores, sem que o sindicato intervenha. Caso contrário, ameaçam ir para uma outra cidade, onde exista um sindicato bem “bonzinho”.

Nos EUA, por exemplo, a GM possui uma média de salário muito mais alta que nas GMs no Brasil. Isso ocorre porque, de um modo geral, as pessoas têm uma remuneração maior do que a dos brasileiros. Ou seja, procuram o país por saber que existe mão de obra barata.

A prefeitura e o governo federal podem e devem intervir nesse processo. Não podem deixar essa empresa colocar em xeque a vida de 1500 famílias porque em outra cidade esta empresa poderá lucrar mais.

É bom lembrar que quando é para ganhar mais dinheiro, a empresa se vale de sua autogestão, porém para ganhar incentivo fiscal do governo, o liberalismo é deixado de lado.

Volkswagen de Taubaté também implanta PDV
A Volkswagen implantou PDV em sua unidade de Taubaté. No entanto, o objetivo seria preparar os trabalhadores para aposentadoria, conforme afirmação do Sindicato dos Metalúrgicos, diferentemente do que ocorre na GM de São José.

O programa faz parte do pacote de investimentos anunciado no início do ano para dobrar a produção da fábrica e estaria previsto para os próximos anos.


Nos PDV´s implantados em 2012, os trabalhadores recebem 0,7 salário por ano trabalhado. De 2013 a 2016, o benefício será de 0,4 salário por ano trabalhado.

A entidade ressaltou que a produção na fábrica está próxima de 75% de sua capacidade máxima. Os sábados de expediente, antes extintos por excesso de estoque, já foram retomados.

(Para SindCT,16)

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