quinta-feira, 1 de março de 2012

Parque Tecnológico: Ciência, tecnologia e inovação são patrimônios de São José

Por Shirley Marciano

A implementação de parques tecnológicos cria possibilidade de um espaço para difusão e troca de conhecimento entre institutos de pesquisa, universidades e empresas.
Um empenho em conjunto que pode beneficiar as empresas, a comunidade científica e a sociedade. Seu objetivo é o fomento da ciência, tecnologia e inovação por meio de parcerias público-privadas.
Em São José dos Campos houve contestações no formato aplicado para a gestão do Parque quando se transferiu para uma Organização Social (OS).
É sabido que já existem órgãos públicos de pesquisa para essa competência.
Bastaria ter dialogado com quem já atua na área, dentro do serviço público, investir e, assim, viabilizar os projetos em parceria com o setor privado.
Seria um caminho no qual otimizaria custo, aproveitando os técnicos e o acúmulo de conhecimento, sem ter que começar inventando a roda.
Sobretudo, haveria a garantia, através dos mecanismos públicos existentes, da transparência na aplicação dos recursos.

Cronologia do Parque - Um longo caminho de sete anos
Vejamos as etapas:
2005: Representantes do Governo do Estado iniciaram junto à Prefeitura os detalhes para criação do Parque Tecnológico em São José.
2006: A Prefeitura compra o prédio da antiga empresa Solectron, onde foi instalado o núcleo do Parque Tecnológico.
2007: A Administração Municipal anuncia a aquisição de um terreno de 980 mil metros para o núcleo do Parque.
No mês de dezembro, em Sessão Extraordinária, a Câmara de São José aprova um projeto de Lei encaminhado pelo Executivo Municipal, sancionado pelo prefeito, que autoriza o Poder Executivo a celebrar com a Secretaria Estadual de Desenvolvimento a abertura de crédito especial à Secretaria de Desenvolvimento Econômico e da Ciência e Tecnologia no valor de R$6.813.000,00.
Seu objetivo é a construção e instalação de pavilhão para abrigar o condomínio empresarial e a central de incubadora no Parque Tecnológico de São José.
Em 21 de dezembro é publicada a Chamada Pública para contratar uma Organização Social (OS) para transferência da gestão do Parque Tecnológico.
No mesmo dia é aprovada no Boletim do Município a criação da OS Associação Parque Tecnológico, que viria a ser a vencedora da concorrência na Chamada Pública realizada pela Prefeitura.
2008: O prazo final para inscrições dos interessados e apresentação das propostas para gestão do Parque é fixado em 25 de janeiro. Prazo este considerado muito curto para uma concorrência pública.
Após duras críticas da opinião pública, do Poder Legislativo, de entidades sindicais e da sociedade civil, como a OAB e a Associação Comercial e Industrial de São José dos Campos, a Prefeitura revê a data e a prorroga por um mês.

Uma concorrência estranha e duvidosa 
A Organização Social denominada Associação Parque Tecnológico ganhou a concorrência e, assim, passou a gerir o órgão.
Foi clara a intenção do governo municipal de transferir a gestão do Parque a uma Organização Social, mas a forma como se deu tornou o processo moralmente duvidoso, haja vista as coincidências ocorridas.

A Chamada Pública possui a mesma alma de uma licitação, visa a concorrência pública, o que garantiria a idoneidade do processo.
Ocorre que o Sr. Marco Antonio Raupp, à época diretor Pró-Tempore do Parque, que desde o início esteve envolvido no projeto básico, era também o dirigente da Organização Social Parque Tecnológico.

Além disso, foi um dos responsáveis na Comissão de escolha da OS na Chamada Pública, ainda que indiretamente. Assim, foi descaracterizado um processo que deveria ter como pilar a isonomia.

O então presidente da OAB de São José dos Campos, Luiz Carlos Pêgas, chegou a ameaçar publicamente recorrer à Justiça caso a Associação Parque Tecnológico fosse habilitada para o certame.

Ação Popular e parecer do Tribunal de Contas Houve vários momentos que precisam ser lembrados para toda a história.
Em março de 2008, o Sindicato dos Servidores Municipais e um vereador da cidade, Wagner Balieiro, entraram com Ação Popular para inviabilizar a referida Chamada Pública. Entretanto, segue lentamente os trâmites da Justiça, mas o Parque está funcionando normalmente e com a gestão da vencedora da “concorrência” pública.
O Tribunal de Contas do Estado – TCE – auditou o Parque Tecnológico e constatou irregularidade fundamentada também no processo de escolha da gestora do Parque Tecnológico (TC-000553-007-09).

O TCE considera a “Chamada Pública” irregular. “Entendemos que seria descabido [...] qualificar uma associação que havia sido constituída em agosto de 2007, que não possuía patrimônio próprio, sede própria, vida própria e que pretendia viver por conta do contrato de gestão com o poder público”, afirmam os auditores em um dos trechos do relatório” (O Vale, set/2011).

Nesta mesma linha, o vereador Balieiro, autor da Ação Popular, destacou: “Cabe aos poderes constituídos do Judiciário cumprir o seu papel.
Esta Chamada Pública deveria ter sido impugnada à época e não foi.
O mínimo que a sociedade espera é que seja garantida a transparência nos processos”. 

Sucateamento de órgãos de pesquisa já existentes
Este sucateamento precisa ser entendido em todas as suas dimensões.
Quando se fala em fomento da tecnologia e inovação, automaticamente pensa-se em envolver diretamente órgãos como INPE e o DCTA na criação de um Parque Tecnológico.

No entanto, alguns poucos pesquisadores foram destacados e o restante ficou alheio a qualquer discussão sobre o assunto, pois foram utilizados critérios políticos e não técnicos.
Outro fator que faz concluir que de fato há intenção de esvaziar os órgãos públicos de Ciência e Tecnologia é a quase inexistência de concursos e a falta de incentivo a projetos importantes, como o VLS.

Os órgãos públicos de Ciência e Tecnologia vivem um processo de progressivo esvaziamento, pois ano a ano ocorrem as aposentadorias e não há renovação dos quadros para que sejam feitas as transferências de conhecimento.
Os Institutos de Pesquisas estratégicos estão perdendo sua razão de existir.

Centro de Tecnologia da Informação Renato Archer – CTI
Inaugurado em 1982, em Campinas, com cerca de 280 pesquisadores atuando em 10 laboratórios, o CTI dispõe de uma infraestrutura altamente especializada e constantemente modernizada para sustentar atividades voltadas para geração de inovação em bens e serviços de Tecnologia da Informação – TI.

Esse Centro é uma unidade do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação - MCTI, que atua na pesquisa e no desenvolvimento em tecnologia da informação. Tem uma intensa interação com os setores acadêmico e industrial. Seus principais focos de atuação são a área de componentes eletrônicos, microeletrônica, sistemas, software e tecnologias 3D para indústria e medicina.

Para falar sobre a implementação do Parque Tecnológico em Campinas, o Jornal do SindCT conversou com Carlos Passos, o coordenador do CTI-Tec da cidade.
Ele explica o que se espera com essa ação e enumera alguns benefícios esperados, como o desenvolvimento de projetos inovadores na área da Tecnologia da Informação e Comunicação.

Jornal do SindCT: Qual o cronograma de implantação do Parque Tecnológico?
Carlos Passos: O cronograma de implantação está dependendo da liberação de recursos já contratados da Finep, mas ainda não foram liberados.

Jornal do SindCT: Seguindo o modelo de São José, será contratada uma Organização Social para administrar o Parque?
Carlos Passos: A gestão do CTI-Tec, conforme previsto na portaria de criação do parque, será de responsabilidade do CTI, com o apoio da FACTI nas questões administrativas e financeiras.

Jornal do SindCT: Como o servidor público recebe o Parque? Há receios quanto a uma possível perda da exclusividade nas pesquisas por envolver a iniciativa privada? Ou o servidor tem visto com bons olhos?
Carlos Passos: O CTI não prevê a terceirização de suas pesquisas, pelo contrário, espera- se uma ampliação do seu potencial, obtida a partir da interação com os integrantes do parque. Espera-se também, a exemplo do que vem ocorrendo em outros parques, um aumento na contratação de Pesquisa e Desenvolvimento- P&D e de serviços tecnológicos do CTI.

Jornal do SindCT: Quais poderão ser os principais benefícios regionais para a sociedade, empresas e à ciência e tecnologia brasileiras?
Carlos Passos: Os principais benefícios esperados são:
• Propiciar o desenvolvimento de projetos inovadores na área de Tecnologia na área da Informação e Comunicação (TIC);
• criar um ecossistema tecnológico propício à geração de produtos com alto valor agregado;
• favorecer a sinergia e ações de cooperação entre empresas e o CTI, visando ao aumento de competitividade de ambos;
• apoiar o acesso das empresas aos mercados nacional e internacional;
• Assegurar acesso à infraestrutura de P&D (laboratórios e competências) do CTI;
• viabilizar a incubação de empresas e a geração de spin-offs. (SM)

Sorocaba: Segundo Parque Tecnológico do Estado de SP
Inauguração oficial será em junho
O Parque Tecnológico de Sorocaba (PTS) será o segundo a receber o credenciamento definitivo junto ao Governo do Estado.
Segundo a coordenadora de Ciência e Tecnologia da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia do Estado de São Paulo, Desireé Moraes Zouain, a documentação foi encaminhada e o credenciamento deve acontecer durante a inauguração do parque, que ocorrerá em junho.
A informação foi dada durante a apresentação da Conferência Internacional de Inovação em Parques Tecnológicos – Conintec.
A Conintec marcará a inauguração oficial do Parque Tecnológico de Sorocaba, que contará com nove palestrantes internacionais e outros 15 brasileiros.
O único nome divulgado até agora é do ministro de Ciência e Tecnologia, Marco Antonio Raupp.

O vereador de Sorocaba, Izídio de Brito, destaca a importância de se implementar o Parque respeitando e consultando os setores da sociedade para que seja um processo no qual todas as empresas participem e, assim, toda a sociedade ganhe.
De acordo com o Sindicato dos Metalúrgicos de Sorocaba, a participação da entidade enriquece o diálogo, pois os trabalhadores estão diretamente ligados a utilização das ferramentas tecnológicas.
Atualmente o Sindicato não participa das discussões. (SM)

Organizações Sociais: Rumo às privatizações
De acordo com a Lei N° 9.687, de 15/5/1998, criada pelo então presidente Fernando Henrique Cardoso, “o Poder Executivo poderá qualificar como Organizações Sociais pessoas jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos, cujas atividades sejam dirigidas ao ensino, à pesquisa científica, ao desenvolvimento tecnológico, à proteção e preservação do meio ambiente, à cultura e à saúde, atendidos aos requisitos previstos nesta Lei.”
A criação das OS´s joga em dois sentidos. De um lado, tenta dar aparência de uma proposta com uma faceta “popular”, quando admite que qualquer Organização não Governamental - ONG - ou associação de usuários possa se habilitar a assumir um estabelecimento público.
Por outro lado, a proposta é clara ao definir que estas entidades são de “direito privado”. Uma lei que joga contra a lisura e a transparência.
A questão é: dinheiro público, regras para utilização públicas!
As “facilidades” das OS:
• É possível contratar pessoal sem concurso público, seguindo as normas do mercado de trabalho e adotando a CLT.
• Poderá adotar normas próprias para compras e subcontratações. Ficam livres das normas próprias que regulam as despesas com recursos do governo.
• Receberão dotações de recursos orçamentários do governo através dos Contratos de Gestão sem licitação.
• Não há regulamentação legal sobre o tema. Como ficam as questões estratégicas de pesquisas desenvolvidas dentro dos Órgãos Públicos, como INPE e DCTA?
(Para SindCT,12)

Companhia Bola de Meia aposta na arte e na cultura para melhorar ensino e qualidade de vida




Por Shirley Marciano

A Companhia Cultural Bola de Meia é uma organização civil de direito privado, sem fins lucrativos, qualificada pelo Ministério da Justiça como Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP).
Fundada em 1989 na cidade de São José dos Campos, sua principal missão é a pesquisa, transmissão e circulação da Cultura Popular Brasileira por meio da Tradição Oral e da Cultura da Infância.
Seus integrantes atuam na formação permanente e buscam conexões entre arte, educação e meio ambiente, pois acreditam que a cultura contribui para a melhoria da qualidade do ensino, de vida e do planeta.
A pedagogia utilizada pela Companhia é inspirada no educador Paulo Freire, sintetizada na expressão “Ação-reflexão-ação”.
O universo de estudo e atuação da instituição consiste de um lado na relação com os mestres da tradição oral e de outro com a cultura tradicional do universo infantil.
A transmissão e circulação dos saberes e fazeres culturais ocorre com projetos selecionados e aprovados em editais públicos.
São realizadas apresentações artísticas, consultoria, promoção e coordenação de seminários, palestras e oficinas de formação, educadores e comunidade de Escolas, Pontos de Cultura, Casa Abrigo, CREAS (Centro de Referência em Assistência Social), e outros segmentos.
Também são produzidos e divulgados documentários, CDs, exposições, mostras e projetos aprovados em âmbito municipal, estadual e federal, com parcerias de empresas privadas e instituições sócio-educativas-culturais.
Vinícius da Silva Oliveira, de 14 anos, há três anos faz parte do grupo de teatro e explica a importância da Companhia Bola de Meia em sua vida.
Para ele, além de estar mais aberto à aprendizagem, o grupo contribui para um enriquecimento cultural.
É muito bom também para ficar uma pessoa mais desinibida”, afirma o jovem.
Dentre as atividades realizadas pela Companhia desde a sua criação estão a pesquisa, vivência, aprendizagem e envolvimento com mestres da tradição oral e culturais da região do Vale do Paraíba Paulista, Serra da Mantiqueira e Litoral Norte (1983); pesquisa sobre criação de músicas e espetáculos para crianças (1985); circulação artística em escolas da rede pública de ensino (1986).
Em 1998, a instituição foi selecionada e aprovada pelo Programa Crer pra Ver, iniciativa Natura Cosméticos, e desenvolveu o Projeto “Cantar e contar, um ato de educar” em parceria com a EMEF Prof Maria Ofélia e a Secretaria Municipal de Educação de São José dos Campos.
Instituição precisa de mais investimentos
A Companhia Bola de Meia possui projetos selecionados e aprovados em editais públicos pelo Ministério da Cultura e pela Secretaria do Estado da Cultura de São Paulo.
Em 2005, a instituição foi selecionada e aprovada em edital do Ministério da Cultura e passou a atuar como Ponto de Cultura com o Projeto “Cultura Cidadania”.
Em 2009 passou a atuar como Pontão de Cultura em nível nacional com a seleção e aprovação do Projeto “Brinca Brasil”, que prevê oficinas de aprimoramento artístico e cultural para educadores, pesquisas sobre os mestres de tradição oral e a Cultura da Infância, além de registro em livro, CD e DVD.
As ações do Pontão de Cultura Bola de Meia foram ampliadas através da parceria com a TV Mundial e o Projeto Ligando os Pontinhos, que propõe a realização de programas de TV infantil que valorizam e divulgam experiências com êxito relacionadas à criança e ao adolescente.
Além do financiamento de projetos, a instituição consegue sustentabilidade através de campanhas, doações, espetáculos, oficinas, CDs, livros, jogos, brinquedos etc.
Segundo Jacqueline Baumgratz, presidente da Companhia Cultural Bola de Meia, a instituição vive em constante dificuldade para tocar os projetos por problemas financeiros. “Ela conta com uma verba fixa mensal por três anos por projeto escolhido.
No entanto, os demais dependem de patrocínios e colaborações que são conseguidas com muita batalha diária”, explica.
Jaqueline diz ainda que a Fundação Cultural de São José possui uma verba de R$23 milhões ao ano e não tem dentro de suas oficinas projetos de tamanha grandeza e diversidade como o Bola de Meia.
Deveria se levar em conta que a cultura nasce do povo e não dentro de salas com pessoas que nada tem a ver com cultura, como é o caso do atual conselho da Fundação, salvo algumas exceções”, critica. Para saber mais sobre os projetos do Bola de Meia, basta acessar http://www.ciabolademeia.org.br/

Prêmios recebidos pela Companhia do Ministério da Cultura e da SEC de SP:

2007 ...................................................................................... Escola Viva

2008 ........................................................ PAC 06 SEC/SP Folia de Reis
2008 ..................................... Pontinhos de Cultura - Ação Ludicidade
2009 ................................................................................................. Areté
2009 ............................................................................................. Tuxaua
2009 ....................................................... SEC/SP Emenda Parlamentar
2010 ....................................................................... Interações Artísticas
2010 ................................................................................................. Areté
2010 .................................... Pontinhos de Cultura – Ação Ludicidade
2011 ...................................................... ProAc – Culturas Tradicionais
(Para SindCT,12)