sexta-feira, 1 de junho de 2012

Ficha Limpa: lei nasce com a missão de moralizar eleições


Por Shirley Marciano

A Lei Complementar da Ficha Limpa (LC135/2010), que se originou de um projeto de iniciativa popular e já vale para as eleições de 2012.
Foi aprovada pelo Congresso Nacional com a intenção de fixar critérios para quem deseja candidatar-se a cargos eletivos. A nova lei determina que, se o indivíduo tiver uma condenação em órgão colegiado (mais de um juiz), em geral em 2ª instância, a inscrição não será aceita – mesmo que ainda esteja na fase de recursos. Até então havia uma orientação segundo a qual a pessoa só poderia ser impedida de se candidatar se tivesse uma condenação definitiva no âmbito penal nos órgãos judiciais em geral.

A lei veio modificar essa sistemática depois de uma longa discussão no Supremo Tribunal Federal (STF) por conta da presunção da inocência, ou seja, por não ser considerado culpado sem que antes houvesse um julgamento final. Para o juiz eleitoral Marcos Pagan, de São José dos Campos, antes da lei da Ficha Limpa havia muita frustração na sociedade porque pessoas que já tinham condenações em órgãos judiciais, mas que ainda estavam em fase de recursos na justiça, podiam se candidatar sem problemas.

Um dos grandes benefícios é a moralização para as decisões judiciárias que estavam caindo em descrédito porque não tinham efeito prático devido a recursos que evitavam que isso acontecesse”, explica Pagan.


Rumo ao avanço democrático

Essa lei está no processo de evolução da democracia. Não é só a punição de um postulante a um cargo eletivo condenado pela justiça. É também uma moralização das atitudes de quem pretende representar a população.

Nisso, os meios de comunicação desempenham um papel fundamental para mostrar ao povo quem e porque um determinado sujeito não poderá concorrer ao cargo, trazendo à tona, não raras, atitudes que vão de encontro à lisura. Além disso, ao ingressar em um cargo eletivo, o político entrará sabendo que se fizer algo errado será barrado no próximo processo eleitoral. Ou seja, mesmo com a morosidade jurídica, o indivíduo poderá ficar inelegível.

O projeto que deu origem a esta lei foi de iniciativa popular. Foram mais de 2 milhões de assinaturas. De acordo com a Constituição, um projeto desse caráter precisa receber a assinatura de pelo menos 1% dos eleitores brasileiros, cerca de 1,4 milhão de assinaturas, divididos entre cinco estados, com pelo menos 0,3% do eleitorado de cada estado.

A assinatura de cada eleitor deverá ser acompanhada de nome completo, endereço e número completo do título eleitoral (com zona e seção). As listas de assinatura devem ser organizadas por município e por estado, de acordo com formulário que deve ser retirado na Câmara dos Deputados.

Quem é Marcos Pagan?
Dr. Marcos Pagan é juiz de direito há 17 anos, graduado em Direito pela USP e em Administração Púbica pela Fundação Getúlio Vargas. É professor universitário e de cursos de preparação para Concursos Jurídicos.
É especialista em Direito Privado pela Escola Paulista da Magistratura, bem como autor de obras jurídicas e de diversos artigos publicados em revistas especializadas. Exerce a função de juiz eleitoral em São José dos Campos desde 2011 e presidiu as eleições de 2000, 2002, 2004 e 2006, em Jacareí (SP).


Os condenados pela Justiça no Vale

Emanuel Fernandes (PSDB)
Condenado por promover vereador por meio de festa de bairro em 2004 quando era prefeito de São José dos Campos. Foi condenado no TJ-SP e hoje se encontra inelegível.

José Mário Ortiz (PSD)
Condenado por utilizar a logomarca de seu governo em repartições públicas de Taubaté na época em que era prefeito da cidade, entre 1997 e 2000.

José Bernardo Ortiz (PSD)
Condenado por contratar funcionário sem concurso público e por contratar uma empresa sem licitação em sua última gestão na prefeitura de Taubaté, entre 2001 e 2004.

Hamilton Ribeiro Mota (PT)
Condenado por omissão por não investir em infraestrutura no Jd. Conquista, em Jacareí.

(SindCT, 15)

INPE não possui função definida na compra do satélite geoestacionário Raupp demonstra não confiar no Instituto



Por Shirley Marciano
Até o momento não houve uma definição de qual será o papel do INPE na compra do satélite geoestacionário brasileiro. O ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Antonio Raupp, em seu discurso na posse de Leonel Perondi, falou que o INPE terá uma função muito importante, mas é notório que o ministro não quis deixar o projeto para o Instituto. Em toda a imprensa, o INPE sequer é citado.

Ou seja, todo mundo já entendeu o que está ocorrendo. Qual será o futuro desse instituto que nem mesmo o seu ministro demonstra acreditar em sua capacidade? Serão os próprios pesquisadores do INPE que preencherão as caixinhas da nova empresa Visiona, desfalcando ainda mais o Instituto?


O Brasil exige banda larga já

É de fundamental importância a aquisição de um satélite de telecomunicação brasileiro pelo aspecto social e estratégico. A internet banda larga terá mais qualidade em termos de velocidade e de sinal para cobertura nos lugares mais isolados. Dessa forma, proporcionará acesso a todo território brasileiro. Este satélite terá uma banda exclusivamente voltada para comunicação estratégica de defesa. O geoestacionário será acessado diretamente por provedores de serviço de internet (ISP) que, por sua vez, atenderão aos usuários individuais. Assim farão a distribuição do sinal via rede terrestre ou 3G - no futuro, 4G. A 3G funciona via antenas no solo, que se comunicam diretamente com celulares ou modems.

Por que o Ministério optou pela compra 
O Brasil não possui o domínio desta tecnologia porque nunca priorizou uma pesquisa voltada para satélite geoestacionário, em especial o do tipo para telecomunicação, pois todos os satélites desenvolvidos no Brasil até agora foram feitos com o objetivo de imageamento da terra.

O desenvolvimento de tecnologia depende da decisão do governo. A partir daí, deve-se liberar verba para pesquisa e também contratar pessoal, para o caso do INPE que está com déficit de mão de obra. É necessário haver, sobretudo, um cronograma, um planejamento para chegar a esse objetivo.

Hoje, se o Brasil não acelerar para comprar esse satélite poderá perder a sua faixa orbital, por um acordo internacional que define que cada país possui uma parte no espaço, a qual deve ser preenchida com satélite ou ser cedida a algum país que tenha condições e queira utilizar. O Brasil está sob pressão dos EUA, que querem ocupar essa faixa.
O governo brasileiro ficou com esse prazo de até 2014 para colocar em órbita o satélite geoestacionário, embora já se fale em estender o prazo.

Nasce uma nova empresa: A Visiona 
O custo estimado é de R$ 715 milhões e será comprado pela sociedade formada entre Telebrás (49%) e Embraer (51%), por meio da empresa criada por eles, a Visiona, que deve começar suas atividades no Parque Tecnológico de São José dos Campos nos próximos dias.

Elas terão a função de contratar fornecedores para o satélite e também para o lançador. A Telebrás é a responsável geral pela coordenação do projeto, juntamente com os ministérios das Comunicações, da Defesa e da Ciência e Tecnologia. Não haverá transferência de tecnologia.

Somente se obterá uma experiência para a compra e contato com as empresas desenvolvedoras. Apesar disso, o acompanhamento desse projeto pode ser um pequeno passo para que paralelamente já se comece uma pesquisa para desenvolver um satélite similar a esse, com tecnologia brasileira. Os satélites têm tempo de vida no espaço. Devem ser substituídos após cerca de sete anos em órbita.


O que é satélite geoestacionário

O nome geoestacionário é dado por ser colocado em uma órbita sobre o equador de tal maneira que o satélite tenha um ciclo de rotação igual ao do planeta Terra, ou seja, 24 horas.

Assim, a velocidade angular de rotação do satélite fica igual ao da Terra e a impressão que se tem é a de que o satélite está parado no espaço na perspectiva de quem está na Terra. O mínimo de velocidade para que um satélite entre em órbita são 28.000km/h. Com essa velocidade, se posicionarmos o satélite a 36.000 Km de altitude, acima do equador, ele fi cará numa órbita geoestacionária.

O satélite, que possui a missão de transmitir, é uma simples estação repetidora dos sinais recebidos da Terra que são detectados, deslocados em frequência, amplificados e repassados de volta à Terra.

(Para SindCT,15)