sexta-feira, 1 de junho de 2012

INPE não possui função definida na compra do satélite geoestacionário Raupp demonstra não confiar no Instituto



Por Shirley Marciano
Até o momento não houve uma definição de qual será o papel do INPE na compra do satélite geoestacionário brasileiro. O ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Antonio Raupp, em seu discurso na posse de Leonel Perondi, falou que o INPE terá uma função muito importante, mas é notório que o ministro não quis deixar o projeto para o Instituto. Em toda a imprensa, o INPE sequer é citado.

Ou seja, todo mundo já entendeu o que está ocorrendo. Qual será o futuro desse instituto que nem mesmo o seu ministro demonstra acreditar em sua capacidade? Serão os próprios pesquisadores do INPE que preencherão as caixinhas da nova empresa Visiona, desfalcando ainda mais o Instituto?


O Brasil exige banda larga já

É de fundamental importância a aquisição de um satélite de telecomunicação brasileiro pelo aspecto social e estratégico. A internet banda larga terá mais qualidade em termos de velocidade e de sinal para cobertura nos lugares mais isolados. Dessa forma, proporcionará acesso a todo território brasileiro. Este satélite terá uma banda exclusivamente voltada para comunicação estratégica de defesa. O geoestacionário será acessado diretamente por provedores de serviço de internet (ISP) que, por sua vez, atenderão aos usuários individuais. Assim farão a distribuição do sinal via rede terrestre ou 3G - no futuro, 4G. A 3G funciona via antenas no solo, que se comunicam diretamente com celulares ou modems.

Por que o Ministério optou pela compra 
O Brasil não possui o domínio desta tecnologia porque nunca priorizou uma pesquisa voltada para satélite geoestacionário, em especial o do tipo para telecomunicação, pois todos os satélites desenvolvidos no Brasil até agora foram feitos com o objetivo de imageamento da terra.

O desenvolvimento de tecnologia depende da decisão do governo. A partir daí, deve-se liberar verba para pesquisa e também contratar pessoal, para o caso do INPE que está com déficit de mão de obra. É necessário haver, sobretudo, um cronograma, um planejamento para chegar a esse objetivo.

Hoje, se o Brasil não acelerar para comprar esse satélite poderá perder a sua faixa orbital, por um acordo internacional que define que cada país possui uma parte no espaço, a qual deve ser preenchida com satélite ou ser cedida a algum país que tenha condições e queira utilizar. O Brasil está sob pressão dos EUA, que querem ocupar essa faixa.
O governo brasileiro ficou com esse prazo de até 2014 para colocar em órbita o satélite geoestacionário, embora já se fale em estender o prazo.

Nasce uma nova empresa: A Visiona 
O custo estimado é de R$ 715 milhões e será comprado pela sociedade formada entre Telebrás (49%) e Embraer (51%), por meio da empresa criada por eles, a Visiona, que deve começar suas atividades no Parque Tecnológico de São José dos Campos nos próximos dias.

Elas terão a função de contratar fornecedores para o satélite e também para o lançador. A Telebrás é a responsável geral pela coordenação do projeto, juntamente com os ministérios das Comunicações, da Defesa e da Ciência e Tecnologia. Não haverá transferência de tecnologia.

Somente se obterá uma experiência para a compra e contato com as empresas desenvolvedoras. Apesar disso, o acompanhamento desse projeto pode ser um pequeno passo para que paralelamente já se comece uma pesquisa para desenvolver um satélite similar a esse, com tecnologia brasileira. Os satélites têm tempo de vida no espaço. Devem ser substituídos após cerca de sete anos em órbita.


O que é satélite geoestacionário

O nome geoestacionário é dado por ser colocado em uma órbita sobre o equador de tal maneira que o satélite tenha um ciclo de rotação igual ao do planeta Terra, ou seja, 24 horas.

Assim, a velocidade angular de rotação do satélite fica igual ao da Terra e a impressão que se tem é a de que o satélite está parado no espaço na perspectiva de quem está na Terra. O mínimo de velocidade para que um satélite entre em órbita são 28.000km/h. Com essa velocidade, se posicionarmos o satélite a 36.000 Km de altitude, acima do equador, ele fi cará numa órbita geoestacionária.

O satélite, que possui a missão de transmitir, é uma simples estação repetidora dos sinais recebidos da Terra que são detectados, deslocados em frequência, amplificados e repassados de volta à Terra.

(Para SindCT,15)


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