Por
Shirley Marciano
Até
o momento não houve uma definição de qual será o papel do INPE na
compra do satélite geoestacionário brasileiro. O ministro da
Ciência, Tecnologia e Inovação, Antonio Raupp, em seu discurso na
posse de Leonel Perondi, falou que o INPE terá uma função muito
importante, mas é notório que o ministro não quis deixar o projeto
para o Instituto. Em toda a imprensa, o INPE sequer é citado.
Ou
seja, todo mundo já entendeu o que está ocorrendo. Qual será o
futuro desse instituto que nem mesmo o seu ministro demonstra
acreditar em sua capacidade? Serão os próprios pesquisadores do
INPE que preencherão as caixinhas da nova empresa Visiona,
desfalcando ainda mais o Instituto?
O
Brasil exige banda larga já
É de fundamental
importância a aquisição de um satélite de telecomunicação
brasileiro pelo aspecto social e estratégico. A internet banda larga
terá mais qualidade em termos de velocidade e de sinal para
cobertura nos lugares mais isolados. Dessa forma, proporcionará
acesso a todo território brasileiro. Este satélite terá uma banda
exclusivamente voltada para comunicação estratégica de defesa. O
geoestacionário será acessado diretamente por provedores de serviço
de internet (ISP) que, por sua vez, atenderão aos usuários
individuais. Assim farão a distribuição do sinal via rede
terrestre ou 3G - no futuro, 4G. A 3G funciona via antenas no solo,
que se comunicam diretamente com celulares ou modems.
Por
que o Ministério optou pela compra
O Brasil não
possui o domínio desta tecnologia porque nunca priorizou uma
pesquisa voltada para satélite geoestacionário, em especial o do
tipo para telecomunicação, pois todos os satélites desenvolvidos
no Brasil até agora foram feitos com o objetivo de imageamento da
terra.
O
desenvolvimento de tecnologia depende da decisão do governo. A
partir daí, deve-se liberar verba para pesquisa e também contratar
pessoal, para o caso do INPE que está com déficit de mão de obra.
É necessário haver, sobretudo, um cronograma, um planejamento para
chegar a esse objetivo.
Hoje,
se o Brasil não acelerar para comprar esse satélite poderá perder
a sua faixa orbital, por um acordo internacional que define que cada
país possui uma parte no espaço, a qual deve ser preenchida com
satélite ou ser cedida a algum país que tenha condições e queira
utilizar. O Brasil está sob pressão dos EUA, que querem ocupar essa
faixa.
O
governo brasileiro ficou com esse prazo de até 2014 para colocar em
órbita o satélite geoestacionário, embora já se fale em estender
o prazo.
Nasce
uma nova empresa: A Visiona
O custo estimado é
de R$ 715 milhões e será comprado pela sociedade formada entre
Telebrás (49%) e Embraer (51%), por meio da empresa criada por eles,
a Visiona, que deve começar suas atividades no Parque Tecnológico
de São José dos Campos nos próximos dias.
Elas
terão a função de contratar fornecedores para o satélite e também
para o lançador. A Telebrás é a responsável geral pela
coordenação do projeto, juntamente com os ministérios das
Comunicações, da Defesa e da Ciência e Tecnologia. Não haverá
transferência de tecnologia.
Somente
se obterá uma experiência para a compra e contato com as empresas
desenvolvedoras. Apesar disso, o acompanhamento desse projeto pode
ser um pequeno passo para que paralelamente já se comece uma
pesquisa para desenvolver um satélite similar a esse, com tecnologia
brasileira. Os satélites têm tempo de vida no espaço. Devem ser
substituídos após cerca de sete anos em órbita.
O
que é satélite geoestacionário
O nome
geoestacionário é dado por ser colocado em uma órbita sobre o
equador de tal maneira que o satélite tenha um ciclo de rotação
igual ao do planeta Terra, ou seja, 24 horas.
Assim,
a velocidade angular de rotação do satélite fica igual ao da Terra
e a impressão que se tem é a de que o satélite está parado no
espaço na perspectiva de quem está na Terra. O mínimo de
velocidade para que um satélite entre em órbita são 28.000km/h.
Com essa velocidade, se posicionarmos o satélite a 36.000 Km de
altitude, acima do equador, ele fi cará numa órbita
geoestacionária.
O
satélite, que possui a missão de transmitir, é uma simples estação
repetidora dos sinais recebidos da Terra que são detectados,
deslocados em frequência, amplificados e repassados de volta à
Terra.
(Para SindCT,15)
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