Por
Shirley Marciano
“Programa
Espacial sem telecomunicação não se justifica”
O
satélite, que tem previsão para ser lançado no final de 2014, a um
custo estimado de R$ 715 milhões, deve ser construído pela
sociedade formada entre Telebrás (49%) e Embraer (51%), que terá a
função de contratar fornecedores para o satélite e também para o
lançador. A Telebrás é a responsável geral pela coordenação do
projeto, juntamente com os ministérios das Comunicações, da Defesa
e da Ciência e Tecnologia, a Agência Espacial Brasileira (AEB) e o
Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE).
A
ideia é que esse seja o primeiro de vários satélites para banda
larga, de acordo com declarações feitas pelo ministro Marco Antonio
Raupp à imprensa. Este satélite deverá ser operado pela Telebrás
e pelo Ministério da Defesa. O geoestacionário será acessado
diretamente por provedores de serviço de internet (ISP) que, por sua
vez, atenderão aos usuários individuais seguindo as diretrizes e
custos estabelecidos pelo Plano Nacional de Banda Larga. Assim farão
a distribuição do sinal via rede terrestre ou 3G (no futuro, 4G). A
3G funciona via antenas no solo, que se comunicam diretamente com
celulares ou modems. “A grande vantagem de um satélite de
telecomunicação é você não precisar ter uma rede terrestre para
alcançar um município que fica em um lugar longínquo e de difícil
acesso”, afirma José Nivaldo Hinckel, pesquisador do INPE.
O
novo satélite terá uma faixa de frequência bem maior que a
encontrada na internet via satélite comum. A faixa maior de
frequência é um fator importante para a oferta de serviços de alta
velocidade. Para Hinckel, há muito tempo já deveria ter sido
lançado um satélite geoestacionário.
“No Brasil só se tem
feito imagens, mas não adianta porque só isso não justifica o
programa espacial brasileiro”, acrescenta. De acordo com ele, o
Brasil, pelo seu tamanho, população e perfil, tem grande potencial
de usuários.
Então,
só por este aspecto, já se justifica o interesse do governo
brasileiro de ter uma autonomia maior na produção e operação de
satélites geoestacionários de telecomunicação. “O Brasil tem
recursos econômicos razoáveis. Se investir com continuidade, com
certa intensidade e perseverança, ele terá condições de realizar
com êxito muitos outros projetos espaciais dessa natureza”,
finaliza.
O
que é satélite geoestacionário
O nome
geoestacionário é dado por serem colocadas em uma órbita sobre o
equador de tal maneira que o satélite tenha um período de rotação
igual ao do planeta Terra, ou seja, 24 horas. Assim, a velocidade
angular de rotação do satélite fica igual ao da Terra e a
impressão que se tem é a de que o satélite está parado no espaço
na perspectiva de quem está na Terra. O mínimo de velocidade para
que um satélite entre em órbita são 28.000km/h. Com essa
velocidade, se posicionarmos o satélite a 36.000 Km de altitude,
acima do equador, ele fi cará numa órbita geoestacionária. O
satélite, que possui a missão de transmitir, é uma simples estação
repetidora dos sinais recebidos da Terra que são detectados,
deslocados em frequência, amplificados e repassados de volta à
Terra.
40
ANOS de história: Telecomunicações no Brasil
Em 1962
foi criado o Código Brasileiro de Telecomunicações (CBT). À
época, havia apenas uma linha telefônica para cada 100 habitantes.
Entre as novidades que se destacam no Código, estava a determinação
para a formação de uma empresa estatal para instalar e operar
troncos de comunicação delonga distância, fato que resultou, três
anos depois, na criação da Embratel.
Entre
1967 e 1972, a empresa ligou as principais cidades das cinco regiões
do país, permitindo, por meio da discagem direta à distância (o
DDD), a ligação entre os principais municípios brasileiros. A
expansão da telefonia fixa urbana começou em 1972, quando o governo
criou a Telebrás, empresa holding da Embratel e de um sistema
nacional de empresas-pólo estaduais, que absorveram as pequenas
companhias telefônicas municipais.
Na radiodifusão, esse mesmo
esforço viabilizou a formação de redes de TV, com a fi liação da
Embratel ao consórcio de satélites Intelsat, período que
consolidou no setor um modelo baseado na exploração privada dos
serviços, sob a liderança e hegemonia do grupo Globo.
Nos
anos 90, no Brasil, houve a privatização do setor, com o
consequente desmonte do Sistema Telebrás, a partir da aprovação do
Programa Nacional de Desestatização (Lei 8.031/90).
Em
1995, Fernando Henrique Cardoso propôs o Congresso Nacional aprovou
a EC nº 8, alterando a Constituição Federal de 1988. Com a
mudança, tornou-se possível a abertura da exploração dos serviços
públicos de telecomunicações ao capital privado, colocando fi m a
um monopólio estatal.
(Para
SindCT, 14)
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